O SINDSEMA – Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais – manifesta seu mais veemente repúdio aos ataques misóginos, desrespeitosos e autoritários dirigidos à Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante a audiência pública realizada no Senado Federal em 27 de maio de 2025.
A audiência, que deveria promover um debate qualificado sobre a proposta de criação de uma Unidade de Conservação Marinha no Amapá – região de extrema relevância socioambiental, atualmente ameaçada por interesses petrolíferos na foz do Rio Amazonas – transformou-se em um espetáculo vergonhoso de truculência parlamentar. Os senadores Marcos Rogério (PL-RO), Omar Aziz (PSD-AM) e Plínio Valério (PSDB-AM) protagonizaram sucessivos ataques à ministra, interrompendo sua fala, desrespeitando sua posição técnica e ética, e adotando um tom agressivo e misógino, incompatível com a responsabilidade de seus mandatos.
A postura desses parlamentares não apenas atenta contra a integridade da ministra, como também representa uma agressão simbólica a todas as mulheres brasileiras que enfrentam, diariamente, o machismo institucionalizado nos espaços de poder. Mulher negra oriunda do seringal, com trajetória que vai de empregada doméstica na juventude a liderança ambiental reconhecida internacionalmente, Marina Silva também ocupou diversos cargos públicos – vereadora, deputada, senadora, ministra de Estado e candidata à Presidência da República em três eleições – sempre marcada pela coerência e firmeza na luta por justiça ambiental e social. Sua história, construída com coragem e compromisso ao lado do companheiro Chico Mendes – assassinado por defender a floresta e seus povos –, é símbolo da resistência de múltiplas identidades historicamente marginalizadas.
É preciso lembrar que, em um país continental como o Brasil, o Senado Federal exerce a importante função legislativa de debater os interesses regionais da Federação, sendo por isso conhecido como a “Casa dos Estados”. Os senadores são eleitos em número igual por unidade federativa (três por Estado), com mandatos mais longos (oito anos) e idade mínima mais elevada (35 anos), justamente para garantir a maturidade e a conduta necessárias ao exercício democrático e republicano. No entanto, a conduta de parte dos senadores parece remontar aos tempos do Império, quando o Senado foi criado para servir às elites agrárias, protegendo exclusivamente seus interesses particulares ligados à propriedade da terra.
Como se não bastasse a política de terra arrasada materializada na aprovação, por esse mesmo Senado, do chamado PL da Devastação (PL 2.159/2021), que enfraquece o Licenciamento Ambiental, a sociedade brasileira foi novamente desrespeitada ao assistir aos ataques direcionados à ministra Marina Silva – uma das mais importantes personalidades da história recente do Brasil, cuja trajetória política e ambiental é reconhecida internacionalmente.
Por tudo isso, exigimos respeito. Respeito à ministra, às mulheres, ao meio ambiente e à democracia.
E àqueles senadores que se valem da arrogância e da misoginia como instrumentos políticos, lembramos: quem deve se colocar em seus lugares são Vossas Senhorias
SINDSEMA – Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais.
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